Listening bar: nova onda de bares coloca a música como protagonista

Com inspiração japonesa, esses espaços privilegiam o sistema de som e apresentam cartas de drinks com temperos nipônicos.

As prateleiras com discos de vinil à vista e os equipamentos de som de alta qualidade não mentem, os listening bars – ou bares de audição – estão ganhando espaço na vida noturna paulistana. Com atmosfera intimista e ambiente a meia-luz, esses locais propõem experiências sensoriais, onde os sabores dos drinks são tão importantes quanto a trilha sonora. 

A origem do formato surgiu na década de 1950, no Japão. Como o país é extremamente musical, além de grande consumidor de LPs de jazz e Bossa Nova, a partir da década de 1970, Tóquio concentrava mais de 250 bares dedicados à audição musical. 

Neste primeiro momento, os espaços foram batizados de jazz kissa (cafés de jazz). Inclusive, em 1974, o premiado escritor Haruki Murakami abriu o seu próprio estabelecimento para ouvir a coleção de vinis de Stan Getz e Gerry Mulligan. Para além de desfrutar coquetéis e comidinhas, o foco está em ouvir música. 

Os bares japoneses são inflexíveis quanto à escuta, pois o silêncio deve ser privilegiado. A ideia é clara: falar menos e ouvir mais. No entanto, ao chegar ao Ocidente, o conceito foi adaptado. Especialmente no Brasil, esses lugares são espaços de socialização – ou seja, as trocas são incentivadas. A música, embora essencial, torna-se complementar à experiência, instigando todos os sentidos.

Nos últimos anos, a vida noturna paulistana ganhou novos espaços que dialogam com a tradição japonesa e o espírito brasileiro. Há um interesse renovado por parte do público em consumir música fora das plataformas digitais, com destaque para o aumento dos colecionadores de LPs. Desde a pandemia, o bom e velho bolachão vem se tornando a preferência da Geração Z, formada por pessoas nascidas entre 1996 e 2010.

Intercâmbios culturais

A influência nipônica também se traduz na carta de bebidas, que passa a incluir receitas com ingredientes como yuzu, shissô, umeboshi e shochu. Compostos por poucos elementos, os coquetéis entregam alta complexidade sensorial e diferentes camadas de sabor. 

Você já provou umeboshi em uma bebida? Trata-se de uma ameixa japonesa em conserva, marcada por seu sabor ácido e salgado. Quando combinada com Gin Tanqueray e vermute seco, transforma o tradicional martíni em uma experiência surpreendente. 

Já o shochu, bebida destilada tradicional japonesa, é menos conhecida fora do Leste Asiático, mas extremamente popular por lá. A sua versatilidade permite criações encorpadas ao ser misturada com Gin Gordon’s ou Vodka Ketel One. Que tal explorar novos horizontes sonoros e gustativos na sua próxima visita a um listening bar? Invista na experiência e viaje para mais longe. 

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