O caminho da vodka: a história e o processo de Smirnoff

A vodka é um dos destilados mais democráticos do mundo. Além de ter um sabor neutro e que combina com praticamente todos os ingredientes,  sua produção é relacionada à destilação de praticamente qualquer insumo que possa ser fermentado para fazer álcool. Seu sabor combina com praticamente todos os ingredientes e esse truque na manga abre espaço para a sofisticação, baseada em uma receita que atravessa os séculos. Este é o caso de Smirnoff.

Como é produzida Smirnoff? Para entender o que está dentro da garrafa, a história, que envolve revoluções e reviravoltas, dá pistas que explicam os aspectos técnicos da bebida.

QUal a história da smirnoff?

A vodka transformou a vida de Piotr Smirnov (P.A. Smirnov). Em uma Rússia dividida entre senhores feudais e servos, Smirnov resolveu deixar seu vilarejo para tentar a sorte como trabalhador braçal em Moscou. Conhecido pelo charme e astúcia, envolveu-se com uma rica mulher na capital russa, que o ajudou a abrir uma destilaria na cidade.

Em uma região onde a vodka já era destilada há centenas de anos, Smirnov revolucionou o processo de produção ao aplicar o uso de um sistema de filtros à base de carvão vegetal em um processo de destilação contínua. A técnica, até hoje utilizada na fabricação de Smirnoff, levou o rótulo de Piotr a um passo do ideal de pureza da bebida: incolor, inodora e insípida.

A qualidade da produção rendeu fama, revertida em sucesso supremo em 1886, quando Piotr passou a fornecer sua vodka à Corte Imperial Russa. De servo, Smirnov tornou-se membro da nobreza da Rússia, um legado que deixou à sua família ao morrer em 1898.

De smirnov a smirnoff

A vida de Smirnov daria um livro – e deu, na verdade. Mas o seu sucesso etílico permanece o seu maior legado, ainda que de uma forma que ninguém poderia haver previsto à época.

Com a Revolução Russa e o fim da Corte Imperial, acabava o período de nobreza dos Smirnovs. Vladimir, um dos cinco filhos de Piotr, tentou retomar os negócios da família na Europa Ocidental, com empreendimentos na Polônia e França, seu novo lar. Sem o tino comercial do pai, ele negociou os direitos de produção e da marca, já ocidentalizada para a grafia Smirnoff, para outro refugiado russo, Rudolph Kunnet, que migrou para os EUA.

Kunnet abriu a primeira destilaria caseira de vodka em território americano em 1934, logo após o fim da Lei Seca, mas os negócios não iam bem. Anos mais tarde, a Smirnoff foi vendida à Heublein, uma distribuidora e produtora de vinhos e destilados comandada por John Martin.

quando a smirnoff decolou?

Graças à sua destilação tripla e um processo de filtragem de dez vezes através de carvão vegetal, Smirnoff tornou-se uma ferramenta poderosa na elaboração de drinks clássicos como o Screwdriver, o Bloody Mary e, principalmente, o Moscow Mule, um capítulo à parte.

smirnoff e o moscow mule

A criação do Moscow Mule, um clássico da coquetelaria, tem relação direta com Smirnoff. Conta a história que, em 1941, John Martin tornou-se próximo de Jack Morgan, dono de um conhecido bar na região de Hollywood.

A dupla enfrentava algumas questões empresariais: Martin buscava uma maneira de popularizar a vodka nos Estados Unidos, um mercado cuja afinidade por destilados se concentrava em bebidas como o whisky e o gin; Morgan, por sua vez, precisava encontrar uma forma de se livrar de um grande estoque de Ginger Beer, bebida carbonatada à base de gengibre que não fez sucesso entre sua clientela. Bastou a adição do suco de limão para que um novo coquetel fosse criado.

O fato do Moscow Mule ser servido em canecas de cobre, um traço de personalidade do drink, tem razão de ser. A namorada de Morgan à época também enfrentava sua fatia de problemas de mercado. Herdeira de uma família por trás de uma fábrica de cobre, Ozeline Schmidt enfrentava dificuldades para vender seus produtos. O resto, como se diz, é história.

e a smirnoff mundo afora?

Integrada ao portfólio da gigante de destilados  Diageo, a Smirnoff hoje alcançou um status global que Piotr Smirnov sequer poderia imaginar em seus sonhos mais ambiciosos. Com distribuição em mais de 130 países, o rótulo vai muito além de sua fórmula tradicional, feita agora a partir da destilação do milho e mantendo o padrão da bebida de ser sem gluten.   É da Smirnoff, por exemplo, a criação de um dos drinks mais amados do Brasil: a caipiroska, que dá um toque especial a um dos coquetéis mais famosos do país.

Além da fórmula clássica, Smirnoff apresenta também uma série de rótulos especiais (n) e novidades, como as vodkas saborizadas (em 2015, eram mais de 42 sabores à venda nos EUA) e a indefectível  , um sucesso global para momentos de celebração – funcional tanto para cortes da nobreza russa do século 19 quanto para grupos de amigos no século 21.

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