Todos os detalhes do espaço, da carta de drinks irreverente ao sistema de som para audiófilos, carregam a identidade dos donos apaixonados pela pista de dança.
Se você já frequentou o saudoso Caracol da rua Jaguaribe, na Vila Buarque, sabe que muita coisa mudou – mas sem que a essência se perdesse pelo caminho. A proposta que unia comer, beber e dançar na casa original, fundada por Millos Kaiser e Thiago Visconti em 2018, ganhou ainda mais corpo no novo endereço, agora na rua Boracéa, na Barra Funda. O espaço foi pensado para unir duas atmosferas complementares.
Cada andar oferece uma experiência sonora própria. No térreo, o Caracol funciona como um bar-restaurante, com mesas e uma prateleira de discos em destaque – criando um clima mais acolhedor, inspirado nos bares de audição. Subindo as escadas, o cenário muda: um clube com som mais grave assume o comando das noites de sexta e sábado.
Embora a música seja a alma do Caracol – cerca de 3 mil DJs já passaram por lá –, os drinks criados por Gunter Sarfert também conquistaram espaço no coração da freguesia, graças às suas misturas criativas com destaque para ingredientes nacionais. Os nomes em homenagem a personalidades da cultura pop chamam a atenção, como Dercy, Lady Laura e Hannah Montana.
Tudo no bar tem a cara dos donos. Não à toa, os sistemas de som foram pensados para entregar o melhor áudio dentro da arquitetura de cada ambiente. “No térreo temos um sistema 100% analógico, composto por caixas de som Klipschorn, de 1977, mais duas Klipsch Heresy, e uma controladora McIntosh C-40. É um set-up historicamente apreciado por audiófilos”, diz Millos Kaiser, que além de fundador, é DJ e jornalista.
“Já no segundo andar, recrutamos o pessoal da Core Soundsystem, que fez um sistema específico para o nosso espaço – o maior e melhor que já fizeram até então”, afirma o proprietário. O processo de curadoria dos discos não segue uma seleção pré-definida. Inclusive, os vinis disponíveis nas prateleiras da área do bar fazem parte de um acervo construído ao longo de anos de pesquisa dos fundadores.
E por ali, não espere encontrar um único gênero dominante. A programação varia conforme o dia e a noite, passando por jazz, música eletrônica, música brasileira e mais — espere o não esperado. Cada sessão tem sua própria identidade, refletindo a diversidade e liberdade que são marcas do Caracol. E, se depender da equipe — e do público fiel que os acompanha —, essa essência vai continuar, não importa o endereço.